quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

BUSCA

   Ele olhava ao redor, sem se importar com o tempo que passava. Parado na saída do metrô, observava o mundo à sua volta como se não precisasse ir embora. Voltar para sua casa, para seus problemas. Ficou apenas ali sentado, esperando algo acontecer. Mas o quê? Por quê? Nem ele seria capaz de explicar.
   A rua estava movimentada, o dia esvaindo com o sol que se punha em algum canto da cidade. As pessoas estavam ocupadas demais para prestar atenção nas coisas comuns, simples e únicas que perdiam. Exceto aquele homem; que simplesmente parou para observar.
   - O que você está fazendo? – perguntou alguém;
  - Esperando – ele respondeu sem qualquer reação. Nem mesmo a encarou, continuou olhando somente para frente.
   - O que exatamente?
   - Qualquer coisa! Talvez até mesmo sua presença! Não sei dizer, só estou aqui esperando, olhando. - falou encarando-a, para ver se era aquilo que precisava, mais não sentiu nada.
   - Você... Não acha que deveria ir atrás, ao invés de ficar aqui parado? – ela perguntou com indignação.
   - Por que? É melhor esperar, sei que algo vai acontecer – o homem disse com ar frustrado.
   - Algo aconteceu. A cada instante acontece, mas aqui está você: parado.
   - Mas ficar aqui esperando é melhor, mais confortável. Experimenta! Não quer se sentar? – ele falou ignorando o comentário dela.
   - Claro que não! Nem você deveria! Não percebe que o mundo está passando e ficar sentado não o ajudará a aproveita-lo?! – retrucou com tom irritado. Era inacreditável que ele quisesse ficar ali sem fazer nada. Determinada, ela o ajudaria, independentemente do tempo que levasse.
   - Mas eu estou desfrutando das pequenas coisas, como o vento de verão, o sol se indo lá longe, nos avisando que mais um dia já se foi e ninguém se dá conta disso porque estão com pressa demais.
   - Sim... mas e o resto? E as coisas grandes? Aventuras, descobertas, lugares, pessoas! Tudo isso faz parte da vida. Viver significa arrisca-se.
   - Está me dizendo para ignorar os pequenos detalhes? – questiona-a.
   - Não. Pelo contrário! Leva-se tudo com você na mente e no coração. E os eventuais espaços, preenche-se com novos lugares, pessoas e aprendizagens! No entanto, para isso acontecer, é preciso levantar e seguir em frente.
   - Então... Eu tenho que levar as pequenas e grandes coisas juntas?
   - Isso! Sim! – diz a mulher, animada.
   - Sendo assim, acho que devo fazer algo. Estabelecer metas, quem sabe. Começarei já! Obrigado! Aliás, como é o seu nome? – pergunta com um sorriso esclarecido e de agradecimento.
   - Chamo-me Esperança. Aquela a ser a última a morrer em cada um. Aquela que você quase perdeu e que só as palavras não são suficientes, pois são pelas ações e escolhas que o ajudarão a se reerguer. – sorriu para ele como se soubesse de todos os segredos do mundo.
   Foi quando, no momento que o rapaz ia dirigir-se a ela, uma forte chuva começou. E, num piscar de olhos, a mulher havia sumindo, deixando para trás ele e as lições.

Por: Rúbia Cechinato