Ele olhava ao redor, sem se
importar com o tempo que passava. Parado na saída do metrô, observava o mundo à
sua volta como se não precisasse ir embora. Voltar para sua casa, para seus
problemas. Ficou apenas ali sentado, esperando algo acontecer. Mas o quê? Por
quê? Nem ele seria capaz de explicar.
A rua estava movimentada, o
dia esvaindo com o sol que se punha em algum canto da cidade. As pessoas
estavam ocupadas demais para prestar atenção nas coisas comuns, simples e
únicas que perdiam. Exceto aquele homem; que simplesmente parou para observar.
- O que você está fazendo? –
perguntou alguém;
- Esperando – ele respondeu
sem qualquer reação. Nem mesmo a encarou, continuou olhando somente para
frente.
- O que exatamente?
- Qualquer coisa! Talvez até mesmo sua presença! Não sei
dizer, só estou aqui esperando, olhando. - falou encarando-a, para ver se era
aquilo que precisava, mais não sentiu nada.
- Você... Não acha que deveria ir atrás, ao invés de ficar
aqui parado? – ela perguntou com indignação.
- Por que? É melhor esperar, sei que algo vai acontecer –
o homem disse com ar frustrado.
- Algo já
aconteceu. A cada instante acontece, mas aqui está você: parado.
- Mas ficar aqui esperando é melhor, mais confortável.
Experimenta! Não quer se sentar? – ele falou ignorando o comentário dela.
- Claro que não! Nem você deveria! Não percebe que o mundo
está passando e ficar sentado não o ajudará a aproveita-lo?! – retrucou com tom
irritado. Era inacreditável que ele quisesse ficar ali sem fazer nada. Determinada,
ela o ajudaria, independentemente do tempo que levasse.
- Mas eu estou desfrutando das pequenas coisas, como o
vento de verão, o sol se indo lá longe, nos avisando que mais um dia já se foi
e ninguém se dá conta disso porque estão com pressa demais.
- Sim... mas e o resto? E as coisas grandes? Aventuras,
descobertas, lugares, pessoas! Tudo isso faz parte da vida. Viver significa
arrisca-se.
- Está me dizendo para ignorar os pequenos detalhes? –
questiona-a.
- Não. Pelo contrário! Leva-se tudo com você na mente e no
coração. E os eventuais espaços, preenche-se com novos lugares, pessoas e
aprendizagens! No entanto, para isso acontecer, é preciso levantar e seguir em
frente.
- Então... Eu tenho que levar as pequenas e grandes coisas
juntas?
- Isso! Sim! – diz a mulher, animada.
- Sendo assim, acho que devo fazer algo. Estabelecer
metas, quem sabe. Começarei já! Obrigado! Aliás, como é o seu nome? – pergunta
com um sorriso esclarecido e de agradecimento.
- Chamo-me Esperança. Aquela a ser a última a morrer em
cada um. Aquela que você quase perdeu e que só as palavras não são suficientes,
pois são pelas ações e escolhas que o ajudarão a se reerguer. – sorriu para ele
como se soubesse de todos os segredos do mundo.
Foi quando, no momento que o rapaz ia dirigir-se a ela,
uma forte chuva começou. E, num piscar de olhos, a mulher havia sumindo,
deixando para trás ele e as lições.
Por: Rúbia Cechinato
2 comentários:
MT bmm
Perfeito minha cara escritora
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