terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

AQUELA CANÇÃO

Eu prometi a você,
Numa noite fria,
Sob as estrelas e a lua
Que cantaria aquela canção...

Queria que fosse inesquecível,
Que expressasse todos os meus sentimentos.
Mas agora você não pode ouvir minha voz,
E nem eu posso ouvir a sua.

Agora, sob aquele mesmo céu,
Eu canto para você,
Desejando que possa ouvir aquela canção
Mesmo que já seja tarde demais.

Porque tudo o que eu queria
Era que soubesse o que sinto por você.
Porque naquela noite fria
Eu prometi dizer o quanto te amei...

Por: Aila Aron

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

PORTA-RETRATO

   Existe tantas lembranças em um porta-retratos. Podem ser elas boas como o de um aniversário colorido, repleto de pessoas querendo eternizar aquele momento e, no entanto, também podem guardar lembranças dolorosas, tal como um ente querido que te deixou.
   Na vida, há pessoas que vem e outras que ficam. E aquela foto que hoje está atrás de outras, um dia esteve na frente. O retrato que ela guarda, por mais que não queira ver novamente, se nega a jogar fora. É de alguém que já te fez muito feliz. Mas ela te esqueceu e agora ficou numa foto em um porta-retratos sem valor.
   Dias passam e a poeira invade as estantes. Hora de limpar cada foto. Pega uma por uma e logo chegam as recordações: a casa, com cheiro de comida doce, da tia que mora longe, a casa dos pais, onde você morou parte de sua vida. Lembra-se da fragrância adocicada da mãe e o odor forte que seu pai tinha. Sente saudade e uma vontade louca de abraçar cada um. Porém, você está longe e a única maneira de matar a nostalgia são com os porta-retratos.
   Incrível como um objeto simples é capaz de trazer tantas recordações, momentos e consolações que tornaram-se eternizados.

Por: Rúbia Cechinato

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

BUSCA

   Ele olhava ao redor, sem se importar com o tempo que passava. Parado na saída do metrô, observava o mundo à sua volta como se não precisasse ir embora. Voltar para sua casa, para seus problemas. Ficou apenas ali sentado, esperando algo acontecer. Mas o quê? Por quê? Nem ele seria capaz de explicar.
   A rua estava movimentada, o dia esvaindo com o sol que se punha em algum canto da cidade. As pessoas estavam ocupadas demais para prestar atenção nas coisas comuns, simples e únicas que perdiam. Exceto aquele homem; que simplesmente parou para observar.
   - O que você está fazendo? – perguntou alguém;
  - Esperando – ele respondeu sem qualquer reação. Nem mesmo a encarou, continuou olhando somente para frente.
   - O que exatamente?
   - Qualquer coisa! Talvez até mesmo sua presença! Não sei dizer, só estou aqui esperando, olhando. - falou encarando-a, para ver se era aquilo que precisava, mais não sentiu nada.
   - Você... Não acha que deveria ir atrás, ao invés de ficar aqui parado? – ela perguntou com indignação.
   - Por que? É melhor esperar, sei que algo vai acontecer – o homem disse com ar frustrado.
   - Algo aconteceu. A cada instante acontece, mas aqui está você: parado.
   - Mas ficar aqui esperando é melhor, mais confortável. Experimenta! Não quer se sentar? – ele falou ignorando o comentário dela.
   - Claro que não! Nem você deveria! Não percebe que o mundo está passando e ficar sentado não o ajudará a aproveita-lo?! – retrucou com tom irritado. Era inacreditável que ele quisesse ficar ali sem fazer nada. Determinada, ela o ajudaria, independentemente do tempo que levasse.
   - Mas eu estou desfrutando das pequenas coisas, como o vento de verão, o sol se indo lá longe, nos avisando que mais um dia já se foi e ninguém se dá conta disso porque estão com pressa demais.
   - Sim... mas e o resto? E as coisas grandes? Aventuras, descobertas, lugares, pessoas! Tudo isso faz parte da vida. Viver significa arrisca-se.
   - Está me dizendo para ignorar os pequenos detalhes? – questiona-a.
   - Não. Pelo contrário! Leva-se tudo com você na mente e no coração. E os eventuais espaços, preenche-se com novos lugares, pessoas e aprendizagens! No entanto, para isso acontecer, é preciso levantar e seguir em frente.
   - Então... Eu tenho que levar as pequenas e grandes coisas juntas?
   - Isso! Sim! – diz a mulher, animada.
   - Sendo assim, acho que devo fazer algo. Estabelecer metas, quem sabe. Começarei já! Obrigado! Aliás, como é o seu nome? – pergunta com um sorriso esclarecido e de agradecimento.
   - Chamo-me Esperança. Aquela a ser a última a morrer em cada um. Aquela que você quase perdeu e que só as palavras não são suficientes, pois são pelas ações e escolhas que o ajudarão a se reerguer. – sorriu para ele como se soubesse de todos os segredos do mundo.
   Foi quando, no momento que o rapaz ia dirigir-se a ela, uma forte chuva começou. E, num piscar de olhos, a mulher havia sumindo, deixando para trás ele e as lições.

Por: Rúbia Cechinato