terça-feira, 24 de maio de 2016

TEMPESTADE

   Dentro do ônibus,  todas as janelas  embacadas, me inclino encostando a cabeça ao vidro sentindo a frieza da superfície e tentando ver as coisas lá  fora, percebo que começa os primeiros pingos de chuva e fico me imaginando lá fora recebendo esses pingos no rosto. 
   A chuva fica cada vez mais grossa e me pergunto se ficarei muito molhada quando sair do meu abrigo, se tudo aquilo é passageiro, que o frio que sinto é  metafórico e que a chuva seria minhas lágrimas reprimidas que começam de vagar e quando vejo estou transbordando rios de lágrimas mas sem me molhar, apenas fico no meu abrigo sem revelar a tempestade que está dentro de mim e não lá fora. 
   - Você está bem? - escuto essa pergunta e retiro-me de meu transe para pensar na pergunta e observar o rosto a minha frente. 
   - Sim estou sim, obrigada. - então dou conta,  ele é um estranho me perguntando se estou bem. 
   - Não foi nada - ele sorri,  meio sem graça e eu ali observando seus olhos castanhos, seu cabelo mais bagunçado e seus ombros largos, resolvo retribuir o sorriso. 
   - Desculpe é  que estava te observando, daí te achei meio triste. - desculpa-se o rapaz que acabei de conhecer. 
   - Não foi nada,  só estava vendo a chuva. - que por incrível que pareça tinha parado no instante que ele apareceu. 
   - A sim, chuva são boas mas prefiro depois da chuva, esse tempo abrindo é  muito bom, ver as nuvens saindo e o sol aparece, aquecendo. - fala ele meio envergonhado. 
Confesso que depois daquelas nuvens ele foi o sol que aqueceu e parou a tempestade dentro de mim. As pessoas são importantes elas são o vento que podem trazer e tirar as nuvens das tempestades.

Por: Rúbia Cechinato

Um comentário:

AFO disse...

Caramba caiu um trovão em mim após a tempestade. Metaforicamente significa que compreendi suas palavras.