Dentro do ônibus, todas as janelas embacadas, me inclino encostando a cabeça ao vidro sentindo a frieza da superfície e tentando ver as coisas lá fora, percebo que começa os primeiros pingos de chuva e fico me imaginando lá fora recebendo esses pingos no rosto.
A chuva fica cada vez mais grossa e me pergunto se ficarei muito molhada quando sair do meu abrigo, se tudo aquilo é passageiro, que o frio que sinto é metafórico e que a chuva seria minhas lágrimas reprimidas que começam de vagar e quando vejo estou transbordando rios de lágrimas mas sem me molhar, apenas fico no meu abrigo sem revelar a tempestade que está dentro de mim e não lá fora.
- Você está bem? - escuto essa pergunta e retiro-me de meu transe para pensar na pergunta e observar o rosto a minha frente.
- Sim estou sim, obrigada. - então dou conta, ele é um estranho me perguntando se estou bem.
- Não foi nada - ele sorri, meio sem graça e eu ali observando seus olhos castanhos, seu cabelo mais bagunçado e seus ombros largos, resolvo retribuir o sorriso.
- Desculpe é que estava te observando, daí te achei meio triste. - desculpa-se o rapaz que acabei de conhecer.
- Não foi nada, só estava vendo a chuva. - que por incrível que pareça tinha parado no instante que ele apareceu.
- A sim, chuva são boas mas prefiro depois da chuva, esse tempo abrindo é muito bom, ver as nuvens saindo e o sol aparece, aquecendo. - fala ele meio envergonhado.
Confesso que depois daquelas nuvens ele foi o sol que aqueceu e parou a tempestade dentro de mim. As pessoas são importantes elas são o vento que podem trazer e tirar as nuvens das tempestades.
Por: Rúbia Cechinato
Um comentário:
Caramba caiu um trovão em mim após a tempestade. Metaforicamente significa que compreendi suas palavras.
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