terça-feira, 24 de maio de 2016

COMANDOS

   Veja bem, a vida é reflexo do que se tem, e daquilo que ainda teremos.
   Pois bem, quando amamos, o inútil ato de controle é desinstalado, fazendo com que todas as forças se percam e você que sempre foi tão seu, pertença a outro alguém, de dois viram um, veneno!
   O medo de dar errado, a autodefesa o lado contrário do sentimento, a incerteza tão certa de um começo e meio te aproximam do fim, de um voltam a ser dois, deixando para depois o que seria tão mais fácil ser vivido senão fosse a maldita insegurança de um destino.
   Acrescento o lamento de depositar em si próprio os mais inapropriados sentimentos de culpa, por não ser, estar, fazer e tentar.
  Digo, que nem toda distância faz bem, a ilusão te faz refém e o amor se perde em chão, o que um dia já foi ar, desaprende a voar e cai com impacto afetando o coração. 
   E se alguém um dia te disser que do seu lado sempre vai estar, não discordo em duvidar, mas se nos olhos te olhar, abrace! E saiba, que mesmo no fim de um último suspiro, abraço, riso, bobagem, troca de olhares, no final dos finais mais tristes ou feliz essa pessoa vai estar, sem medo de abandonar os próprios problemas para os teus carregar.
  Então, talvez o segredo seja não dificultar o que já é difícil, aceitar o imprevisto ato de amar e ser amado, sem procurar o certo e o errado, deixar de lado o que sempre esteve à sua frente, o medo. E que nunca seja ausente a livre forma de pertencer sem precisar, e o querer em se doar. 

Por: Luciana Barbosa

TEMPESTADE

   Dentro do ônibus,  todas as janelas  embacadas, me inclino encostando a cabeça ao vidro sentindo a frieza da superfície e tentando ver as coisas lá  fora, percebo que começa os primeiros pingos de chuva e fico me imaginando lá fora recebendo esses pingos no rosto. 
   A chuva fica cada vez mais grossa e me pergunto se ficarei muito molhada quando sair do meu abrigo, se tudo aquilo é passageiro, que o frio que sinto é  metafórico e que a chuva seria minhas lágrimas reprimidas que começam de vagar e quando vejo estou transbordando rios de lágrimas mas sem me molhar, apenas fico no meu abrigo sem revelar a tempestade que está dentro de mim e não lá fora. 
   - Você está bem? - escuto essa pergunta e retiro-me de meu transe para pensar na pergunta e observar o rosto a minha frente. 
   - Sim estou sim, obrigada. - então dou conta,  ele é um estranho me perguntando se estou bem. 
   - Não foi nada - ele sorri,  meio sem graça e eu ali observando seus olhos castanhos, seu cabelo mais bagunçado e seus ombros largos, resolvo retribuir o sorriso. 
   - Desculpe é  que estava te observando, daí te achei meio triste. - desculpa-se o rapaz que acabei de conhecer. 
   - Não foi nada,  só estava vendo a chuva. - que por incrível que pareça tinha parado no instante que ele apareceu. 
   - A sim, chuva são boas mas prefiro depois da chuva, esse tempo abrindo é  muito bom, ver as nuvens saindo e o sol aparece, aquecendo. - fala ele meio envergonhado. 
Confesso que depois daquelas nuvens ele foi o sol que aqueceu e parou a tempestade dentro de mim. As pessoas são importantes elas são o vento que podem trazer e tirar as nuvens das tempestades.

Por: Rúbia Cechinato